
Para a jornalista, a criatividade é um elemento que ajuda a enriquecer o ensino e um diferencial muito importante em qualquer profissão. Durante seu período escolar, Carla também vivenciou situações e aulas criativas que fizeram a diferença em sua vida e acredita que os professores devem sempre inovar.
Saiba mais conferindo toda a entrevista!
- Para você, o que um professor pode fazer para realmente fazer a diferença na educação?
Acredito que a palavra-chave seja comprometimento. O professor precisa se comprometer com sua turma, com seus alunos, com sua escola e ali fazer a diferença. E, assim, vencer todos os obstáculos educacionais que existem em nosso país.
- A criatividade na hora de ensinar é uma característica necessária? O que você acha que um professor deve ter (método ou característica) para incentivar seus alunos?
É preciso, em primeiro lugar, ter o conhecimento e a didática para encarar uma sala de aula. Aliar conhecimento, didática e criatividade é enriquecedor para o professor e para os alunos, sobretudo, com esta nossa geração, que recebe cada vez mais estímulos. É preciso levar para a turma elementos que sejam do seu interesse, do seu dia a dia e que possam auxiliar no aprendizado das disciplinas. Certamente, o estudante se interessa mais por aulas criativas do que por aulas que lhes pareça repetitivas, sem diálogo, sem interação com o professor e com os demais colegas.
- Você acha que a criatividade é um diferencial em qualquer área? Na educação, no jornalismo ou em qualquer profissão?
Sim, com certeza. A pessoa criativa possui mais facilidade de lidar com situações que exigem soluções diferentes, fora dos padrões. Ser criativo é um diferencial muito importante, pois o criativo é aquele profissional que faz a diferença, que apresenta ideias inovadoras, que podem trazer benefícios para a equipe, para o grupo, para a empresa.
- Que experiência você vivenciou durante sua época escolar que fez a diferença na sua educação?
Vivenciei diversas experiências na escola que fizeram a diferença em minha educação e na minha vida. Desde o primeiro ano do ensino fundamental, tive o que era chamado de “aula de biblioteca”. Os alunos passavam um período na biblioteca e precisam escolher um livro para ler (ou simplesmente folhear). Esse incentivo me aproximou muito da leitura, que, para mim, é muito mais do que um hobby.
Também foi na escola que tive contato com o teatro, que me ensinou, entre outras coisas, a ser uma pessoa disciplinada, o que, certamente, me ajudou em minha trajetória escolar.
E também foi na escola em que tive meu primeiro contato com o jornalismo. Comecei a participar do jornalzinho da escola aos 8 anos. Já no ensino médio, fui da equipe da rádio do colégio. Foi a escola que me “apresentou” a essa profissão incrível que é o jornalismo.
- Algum professor em particular tinha um método mais criativo que te marcou? Como foi?
Lembro-me de um professor de história que tive no primeiro ano do ensino médio. Seu nome era Adriano. Ele era muito criativo e nos propôs diversas atividades diferentes. Por exemplo: fizemos um “Passa ou Repassa” (como aquele antigo programa de perguntas e respostas que passava no SBT) sobre Império Romano. Tivemos também que parodiar uma música: a nova letra deveria ser sobre feudalismo e deveríamos fazer uma apresentação para a classe. Foi muito divertido ver os talentos musicais e a criatividade da turma (teve até uma equipe que parodiou o Acústico MTV do Capital Inicial, que era um grande sucesso na época! Os meninos foram, inclusive, com roupas idênticas as usadas pela banda no programa da MTV). Eram aulas e atividades que envolviam toda a turma e isso era muito bacana. Eu jamais me esqueci do conteúdo aprendido naquele ano e aposto que todos os alunos se lembram com carinho do professor Adriano.
- Qual a sua visão sobre a educação atualmente? Você acha que os professores devem sempre buscar inovar?
Acredito que a educação é a solução para a mudança do país. Somente com educação nos tornamos cidadãos conscientes do que acontece ao nosso redor (em nossa comunidade, em nossa cidade, em nosso país, no mundo). E somente conscientes conseguimos lutar contra todas as injustiças que, infelizmente, estamos acostumados a ver diariamente nos noticiários. E somente com educação o país crescerá verdadeiramente e de modo sustentável.
Há alguns anos, li uma pesquisa que mostrava que, nos anos 1950, três países viviam exatamente as mesmas condições econômicas e sociais – Brasil, Gana e Coreia do Sul. Nos anos 2000, somente a Coreia do Sul apresentava grandes avanços econômicos e sociais que o elevaram à categoria de “primeiro mundo”. O principal investimento do país não foi em infraestrutura, em concessão de créditos, em nada disso. Foi em educação. A Coreia do Sul trabalhou para capacitar seus cidadãos em todas as áreas para que eles fizessem o país crescer. Bem, sabemos onde a Coreia do Sul está hoje e onde o Brasil está. Acho que este exemplo ilustra o poder da educação em um país (e, consequentemente, na vida das pessoas).
Respondendo a outra parte da pergunta: sim, os professores devem sempre inovar, afinal, o perfil e os padrões de comportamento dos alunos mudam. Para conseguirem se conectar aos estudantes, o professor deve acompanhar essas mudanças. Porém, educar não é somente tarefa dos professores e da escola. É também missão das famílias e do Estado. É um trabalho conjunto que precisa, urgentemente, ser levado mais a sério em nosso país. Mas, é como eu disse no começo: não adianta ficar esperando o outro fazer sua parte. Mais do que inovar, o professor precisa se comprometer com seus alunos. E se ele fizer a diferença na vida de apenas um aluno, já terá valido a pena.
por Thays Kloss