No próximo domingo, dia 28 de setembro, às 15h, o Grupo Baquetá apresenta o show "Baquetinhá: brincadeiras musicais" no Creative Time!
O show é totalmente interativo. Com jogos de mãos, teatro de bonecos e percussão corporal, o público é convidado a participar durante toda a apresentação! Ingresso: R$ 15,00 por criança (adultos não pagam) Para informações e reservas: (41) 3045-9441 Creative Time After School www.creativetimeafterschool.com Av. Cândido Hartmann, 1326 - Mercês O Dia da Árvore, no domingo (21), vai ser comemorado de um jeito diferente em Curitiba este ano. Para celebrar a data, o Passeio Público recebe uma exposição de poemas enviados pelos moradores da cidade. Para saber como participar, basta acessar o site: fundacaoculturaldecuritiba.com.br.
![]() No começo não lemos. No início da vida, à aurora dos olhos, sorve-se a vida pela boca, pelas mãos, mas não se tinge ainda os olhos com a tinta. Nos princípios da vida, nas primeiras fontes, nos "riachinhos" da infância, não se lê, não se tem a idéia de ler, de virar atrás de si a página de um livro, a porta de uma frase. Não se é muito simples no começo. Mais louco, talvez. Não estamos separados de nada, por nada. Estamos num continente sem limites verdadeiros - e este continente é você, é si mesmo. No começo há as terras imensas do jogo, as grandes pradarias da invenção, os rios dos primeiros passos, e por todo lado, ao redor, o oceano da mãe, as ondas que batem da voz da mãe. Tudo isto é você, sem ruptura, sem rasgadura. Um espaço infinito, facilmente mensurável. Sem livro dentro. Não há lugar para uma leitura, para um luto assombrado de ler. Além do mais as crianças não suportam ver a mãe tentando ler. Elas arrancam-lhes o livros das mãos, reclamam uma presença inteira e não esta presença incerta, corrompida pelo sonho. A leitura entra bem mais tarde na infância. É preciso primeiro aprender, é como um sofrimento, os primeiros tempos do exílio. Aprende-se sua solidão letra após letra, o dedo sobre o coração, sublinhando cada vogal do sangue vermelho. Os pais ficam contentes ao vê-lo ler, aprender, sofrer. Eles tem sempre um medo secreto que sua criança não seja como os outros, que não consiga absorver o alfabeto, a degluti-lo em frases bem estabelecidas, bem direitas, bem mastigadas. A leitura é um mistério. Não se sabe como se consegue chegar nela. Os métodos são o que são, sem qualquer importância. Um dia reconhece-se a palavra sobre a página, e então se a pronuncia em voz alta, é um pedaço de Deus que se vai com ela, uma primeira quebra do paraíso. Continua-se com a palavra seguinte, e o universo que formava um todo não faz mais nada do que frases, terras perdidas no branco da página. Estamos na escola, fazemos nossa tarefa de criança. Há, é verdade, uma grande felicidade desta perda, deste "encontramento" primeiro da leitura, de sua capacidade de decifrar uma página, de contemplar as sombras. É mesmo mais forte que a felicidade, para ser justo precisaria se falar de alegria. De alegria e de susto. A alegria acontece sempre com o susto, os livros acabam sempre com o luto. Depois, muito depois desse fim de mundo, outra coisa começa: o tédio. Com a leitura você adquire alguma coisa que para você não tem valor - somente um preço: um lugar sobre o banco da escola, um papel nos escritórios ou nas usinas. Então você deixa cair. Você lê somente o que precisa, por obrigação. Quanto mais alegria dentro, menos prazer: apenas a obediência, o que é preciso de obediência para ir até o fim dos estudos, às portas deserto. Depois você não lê nada, nem o jornal, você faz parte destas pessoas que não tem um único livro em sua casa - estas pessoas, um verdadeiro mistério para os escritores, estas casas sob as areias, estas vidas onde nada pode entrar, nem o diabo, nem os livros. Algumas vezes um dicionário, uma enciclopédia, vendida por um representante mais esperto que os outros, que não será lida, é para as crianças, para o futuro, para os dias difíceis, é como um móvel, um pouco estranho, não de carvalho ou pinho, um pequeno móvel de vinte volumes de papel, pago através de duplicatas, que não serão tocadas. Algumas vezes acontece outra coisa, para algumas pessoas, menos numerosas, bem menos numerosas. Estas são os leitores. Eles começam sua carreira na idade em que os outros abandonam a deles: por volta de 8 e 9 anos. Lançam-se à leitura e não terminam mais, descobrem que é sem fim. Com alegria e espanto. Prendem-se desde o começo, na primeira experiência. É sem limite. Lerão até o crepúsculo de sua vida, permanecendo sempre nisto, no início de sua primeira descoberta, a da solidão, solidão das línguas, solidão das almas. Com êxtase deixam o mundo para encontrar esta solidão. E quanto mais avançam, mais ela é escavada. Quanto mais lêem, menos sabem. Estas pessoas é que permitem a sobrevivência dos escritores, das livrarias, dos editores, dos impressores. Os grandes livros, os maus livros, os jornais, tudo é bom a quem gosta de ler, tudo é alimento para quem é esfomeado. De um lado os que não lêem nunca, de outro, os que fazem apenas ler. Há muitas fronteiras entre as pessoas: o dinheiro por exemplo. Esta fronteira entre os leitores e os outros, é mais fechada ainda que o dinheiro. Para quem não tem dinheiro falta tudo. Para quem vive sem leitura falta a falta. A muralha entre os ricos e os pobres é visível. Ela pode se deslocar ou se quebrar para outros lugares. A muralha entre os leitores e os outros é bem mais aprofundada na terra, sob a vista. Há ricos que não tocam nenhum livro. Há pobres que são comidos pela paixão de ler. Onde estão os pobres, onde estão os ricos. Onde estão os mortos, onde estão os vivos. É impossível de dizer. Os que não lêem formam um povo taciturno. Os objetos os prendem no lugar das palavras: os carros com assentos de couro quando têm dinheiro, os pequenos objetos de decoração sobre as toalhas, quando não têm. Na leitura esquecemos da vida, entramos no espírito do sonho, a chama do vento. Uma vida sem leitura é uma vida em que não se renuncia jamais, uma vida amontoada, sufocada por tudo que se retém, como nas histórias de jornal, ou quando se força as portas de uma casa invadida até o teto pelo lixo. Há a mão daqueles que têm para eles o dinheiro. Há a mão daqueles que tem para eles o sonho. É por isto que se escreve. Apenas por isso: para ir de uns aos outros. Para acabar com a divisão no mundo. Para oferecer um livro para aqueles que jamais teriam acesso a leitura. (Extraído do livro de Chistian Bobin "Une Petite robe de fête |
Creative TimeEnsinar, inspirar e motivar as crianças a desenvolver talentos intelectuais e criativos. Arquivos
February 2016
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